Olá pessoal!

Estou devendo há algum tempo, um artigo sobre o uso da vara e castigos físicos e a Bíblia. É o argumento que ouço em palestras e consultorias. Para mim, é muito fácil refutar esse argumento com base em outras tantas metáforas presentes no Livro Sagrado e na postura do próprio Cristo. Não sou capaz de imaginar Cristo castigando ou mandando castigar os pequenos. Mas, apesar de ser cristã e de ter crescido em colégios católicos, não seria tão apropriado eu falar pessoalmente sobre o livro dos Provérbios e todo o Antigo Testamento pois, minha crença atual baseia-se nos Evangelhos. Foi então que busquei ajuda dentro das igrejas. O Silvio se propôs a escrever esse texto que, por acaso, acabou encaixando perfeitamente com o que eu penso. Aliás, o que me deixa muito feliz. Afinal, se adoramos o mesmo Deus, estranho seria lermos mensagens diferentes nos mesmos Textos.

Espero que gostem! Um abraço

Renata Bermudez Konzen

 

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Como criar os filhos após a lei da palmada? (parte 1)  – http://bit.ly/LeiMeninoBernardo1

Como criar os filhos após a Lei da Palmada? (parte 2) –  http://bit.ly/LeiMeninoBernardo2

Como criar os filhos após a Lei da Palmada? (parte 3) http://bit.ly/LeiMeninoBernardo3

 

Castigos físicos são um tema bastante controverso no País. Parece que entre os Cristãos o tema tomou ainda maior proporção. Quem não ouviu de um pai ou mãe cristã que a Bíblia orienta os pais a “não poupar a vara por amor aos filhos”. Vamos ao cerne do problema: será que a Bíblia no seu contexto geral é realmente a favor de castigos físicos?

Em primeiro lugar é necessário fazer distinção entre os dois testamentos: no antigo testamento você realmente tem uma aceitação de castigos físicos. Existe no código da Bíblia inclusive orientação para o que fazer se os açoites dados em um escravo passassem dos limites. Olho por olho. Dente por dente! Estão neste contexto e disciplinavam que se fosse furado um olho do escravo, o senhor deveria perder um olho também. No contexto da época era um grande avanço. Uma época de vinganças dizimando famílias, onde os derrotados não tinham nenhum direito, o simples fato de uma legislação defender mesmo que parcialmente o derrotado deveria ser comemorada.
Em provérbios temos o texto que diz que “aquele que ama seu filho não deve poupar a vara” e em outra passagem afirma “que a vara é para o lombo do insensato”. O que isso quer dizer?
Jesus em suas pregações defendia de forma veemente a não violência, ordenava dar a outra face, repreendia severamente os discípulos que oravam pela destruição de uma cidade, curou a orelha de um soldado ferido por Pedro que vinha prendê-lo. Aceitou ser açoitado, maltratado sem esboçar reação. Sem no mínimo colocar seus discípulos para lutar. Você acha que esse homem seria a favor de castigos físicos contra crianças?
Como os textos devem ser interpretados então? Alguém que ama seu filho não pode deixar de corrigi-lo. Vivemos em um mundo que exacerbou a liberdade em relação aos filhos. Uma geração oprimida de forma violenta pelos pais tornou-se excessivamente tolerante com comportamentos inadequados de seus filhos. Não é raro encontrar crianças que mandam em seus pais, que passivamente se esforçam para satisfazer todas as suas vontades. Todo extremismo é perigoso. Não devemos reprimir nossos filhos, mas não podemos achar que eles devem ter liberdade para destruir o mundo, assim o papel dos pais é educar seus filhos com carinho e gentileza.
Em várias passagens Jesus é descrito como tendo uma espada em sua boca. Isso significa que o castigo seria verbalizado ou pronunciado. Assim muitos cristãos entendem a vara da correção, como algo verbal e não físico. Cabe aos pais mostrar o melhor caminho para seus filhos, através de uma vida que possa servir de exemplo. Como diria o mesmo livro de provérbios: “ensina o menino no caminho que deve andar e quando for velho não se desviará dele”. Isso evoca um andar na companhia dos pais que vão mostrando os perigos da estrada e a melhor forma de andar nela, chegando ao destino que é a maturidade na qual não precisará mais de guia.
Nada é mais verdadeiro que a frase: os pais criam os filhos para o mundo. Precisamos tomar muito cuidado para não criarmos filhos para eles mesmos. Mimados, egoístas, sem senso de comunidade. A educação é uma tarefa árdua. A repressão ou a permissividade são caminhos fáceis, mas o amor verdadeiro fará com que você tente se conectar com seu filho a fim de ajuda-lo nas melhores escolhas, gerando autoestima e responsabilidade. Se você poupa a vara, ou seja, não corrige deslizes de seus filhos você não o ama, pois sabe que o mundo lá fora não irá protege-lo. O mundo corporativo será na maioria das vezes hostil e ele vai precisar estar preparado.
A obrigação que temos em educar nossos filhos irá nos acompanhar até o dia em que nossas crianças precisarão tomar suas próprias decisões. Seremos eternos conselheiros, mas eles já estarão aptos para se auto educar, auto corrigir e para educar seus filhos nesse maravilhoso ciclo da vida.

Silvio Barbosa, pai da Julia, vice-presidente da Igreja Batista do Água Verde, Curitiba.