Rotina, chupeta, cama compartilhada, deixar chorando. Afinal, o que realmente ajuda a criança a ter um sono de qualidade?
Sempre escutamos muito sobre o sono dos bebês e como fazer as noites deles e da família melhorarem, mas o que realmente é verdade ou o que não passa de cultura popular.
Bebês não entendem a nossa contagem do tempo e, portanto, não faz sentido pautá-las pelo relógio. Bebês recém-nascidos precisam ter suas necessidades atendidas conforme a demanda, ou seja, precisam alimentados sempre que têm fome, ganhar colo sempre que possível e dormir sempre que apresentarem sinais de sono. Qualquer tentativa de exercer uma rotina muito rígida pode incorrer no não atendimento de necessidades e em grande estresse para os pais já que, muitas vezes as crianças não se enquadram na rotina, uma vez que são pessoas e diferentes umas das outras. Os próprios bebês, a partir dos 2 meses de idade acabam entrando em uma rotina bem estruturada se os pais conseguirem observar com calma seus sinais. Para crianças maiores, a rotina ajuda a diminuir discussões na hora de dormir e a baixar os sintomas de ansiedade, melhorando o sono. Entretanto, essa rotina não precisa ter horários rígidos mas uma ordem bem definida de atividades.
Os humanos têm um sistema de “alarme” do sono. Quando dormimos em uma situação e acordamos em outra, despertamos assustados, procurando entender o que aconteceu. Por isso, acordamos se alguém desliga a televisão que estávamos vendo antes de dormir, se apagam a luz ou se nosso cônjuge se levanta no meio da noite. O mesmo acontece com bebês e crianças que dormem na cama dos pais, na sala ou no colo e são, posteriormente transportados para o próprio quarto.
O que mais lemos em redes sociais é a orientação para desmamar a criança para que durma melhor, ou para oferecer uma mamadeira antes do bebê dormir para que durma melhor. Entretanto, todas as evidências científicas apontam em outra direção. Crianças amamentadas dormem melhor porque aproveitam a secreção de hormônios de sono da mãe, têm o alimento sob medida e a segurança que esse contato pele com pele confere. Os bebês que acordam mais do que 2 ou 3 vezes por noite depois dos 3 meses de idade, não o fazem por fome mas pela indução do sono e desmamá-los, seria privá-los e à mãe, de todos os benefícios da amamentação.
Na verdade, não há nenhuma comprovação científica para essa afirmação. A Pediatrics, maior revista de pediatria do mundo, publicou uma recomendação de que as crianças durmam no quarto dos pais até 1 ano de idade, o que preveniria a morte súbita do recém nascido. Dormir com os pais era a forma padrão de bebês dormirem há até muito pouco tempo. Nas consultorias procuramos descobrir a melhor forma para cada família. Há famílias que dormem muito mal juntas, há pais que preferem um berço ou colchão em seu quarto cama compartilhada ou um quarto separado. O importante é que é possível dormir bem em todas essas conformações.
As crianças precisam, dependendo da idade, dormir de 10 a 12 horas por noite. Portanto, não é bom que os filhos sejam colocados na cama no mesmo horário dos pais. O melhor é calcular a hora de dormir a partir da hora que a criança costuma ou precisa acordar. Se a criança precisa acordar às 07:00, por exemplo, o ideal é que durma por volta das 20:00.
A chupeta, assim como outras formas de indução do sono, pode fazer com que o bebê acorde cada vez que a perder ou que estiver na transição de um ciclo de sono para outro e muitos pais passam a noite levantando para recolocar a chupeta na boca dos filhos. Outros problemas comum com uso da chupeta são o sono extremamente leve e os episódios de insônia. Os bebês acordam e levam até duas ou três horas para conseguir voltar a dormir na madrugada. A retirada da chupeta ajuda muito na melhoria da qualidade de sono.
Deixar o bebê chorando sozinho faz muito mal! Essa prática fere o vínculo de confiança que o bebê ou criança tem com os pais. Eles param de chorar porque se sentem abandonados e passam a acreditar que ninguém virá socorrê-los. Em bebês pequenos, isso pode fazer com que parem de chorar quando sentem alguma coisa diferente. Em alguns casos, os bebês param de pedir para mamar, por exemplo, e param de ganhar peso. Em crianças maiores, essas técnicas podem aumentar a ansiedade de separação, ou seja, a criança fica desesperada quando a mãe se afasta porque fica com medo de não vê-la novamente.
Esse é mais um mito associado à crença de que o bebê acorda porque tem fome. Muitos pais esperam que aos seis meses de idade, ao iniciar a introdução alimentar, a criança sinta-se mais satisfeita e durma melhor. Entretanto, a quantidade de calorias ingeridas na alimentação complementar nos primeiros meses de introdução alimentar é muito pequena, normalmente, menor do que a do leite. Além disso, conforme mencionado anteriormente, não é comum que os bebês acordem muitas vezes à noite por fome. Assim sendo, não é preciso esperar nem antecipar a introdução alimentar para melhorar os padrões de sono do bebê.
Isso é verdade apenas para recém-nascidos que podem acordar até de 2 em 2 horas para mamar, ou seja, 4 ou 5 vezes por noite. Depois do segundo ou terceiro mês, o mais comum é não passar de dois despertares e, depois do oitavo ou nono mês, um despertar e, por fim, depois de um ano de idade, as crianças normalmente já conseguem dormir sem despertar. Essas informações são médias e as crianças podem acordar mais vezes em períodos específicos como adaptação escolar, mudanças de casa, etc.
A naninha é também chamada de objeto de transição. Ela pode ser uma fralda de pano, cobertinha, bichinho de pelúcia ou qualquer objeto com o qual a criança crie um vínculo. Esse objeto ajuda no distanciamento da mãe e da criança, mesmo que temporário. A naninha vai entrar em ação quando a criança não for mais estar em contato físico com a mãe. É um objeto que o bebê conhece e sabe que é dele e vai ajudá-lo a sentir-se seguro tanto para dormir sozinho quanto para ir a casa de parentes, adaptar-se na escola ou berçário e em outros locais estranhos. Usar a naninha é uma prática saudável e as crianças costumam perder o interesse nela naturalmente quando atingem a idade de 4 ou 5 anos.
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